sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Idolatria do texto e o Ritual como Enredo

O teatro pós - dramático se desvincula de uma tendência onde o enredo é o elemento primordial da peça. Na grande maioria dos espetáculos perde-se a tendência dos grandes diálogos eloqüentes, ou das narrativas que dão vida ao espetáculo. Eram propostas marcações para os atores, gestos repetitivos até chegar a uma orgânicidade.
Adentrando nesse novo teatro como denomina Lehmann, (ano?, p. 113) o enredo vai perdendo seu caráter primordial no espetáculo, os atos vão sendo substituídos por cenas, que não precisam necessariamente ter uma idolatria ao enredo da peça. Penso que o ator é elemento primordial do ritual cênico, da cerimônia. É ele, o ator que a partir de estados de espíritos, de emoções e situação promove o enredo. Mas não pensemos em enredo como forma linear de texto e sim no enredo afetivo, carnal, que nos toca e promove sensações a partir do momento que move o espectador de um lugar de conforto.
De acordo com Lehmann (ano?, p.115) “O teatro pós-dramático é a substituição da ação dramática pela cerimônia”. Os objetos na cena pós – moderna não precisam necessariamente ter um sentido claro para o espectador, é ele que produzirá conceitos a partir da representação assistida. Entretanto não perdemos a idolatria ao enredo, pois se a inquietação, a afetação carnal que provoca movimentos aos espectadores durante uma representação não deixa de ser um diálogo, diálogo do corpóreo. Podemos identificar a cerimônia nesse viés, a preparação para um culto (teatro) e quando executado, tornando-se rito, a morte para kantor não é colocada em cena dramaticamente e sim como um cerimonial. Ou seja, o estado físico, no caso da morte, não é vista como uma ação dramática e sim como um culto, uma cerimônia em relação a esse determinado objeto.
Acredito que os símbolos sejam remanejados para um cerimonial. Um determinado objeto, material, pode ter sentido simbólico dentro de um cerimonial. Dramaticamente falando ele enfatizaria a mesma condição disposta em cena. Não ofereceria eloqüência dramática pela representação do ator, mas sim por toda a estrutura abrangente para um determinado cerimonial.

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