domingo, 16 de outubro de 2011

OS FIGURINOS E A CONCEPÇÃO DE CONSTANTIN STANILSAVSKI

O livro “O figurino teatral e as renovações do século XX”, mais precisamente no capítulo 3, tem por objetivo “Contrastar a teoria e a prática ao analisar como o figurino idealizado pelo encenador ganha forma” (VIANA, 2010, p. 72). O encenador descrito pelo autor é Constantin Stanislavski, fundador do Teatro de Arte de Moscou (TAM, 1897) juntamente com Vladmir Niemiróvitch – Dântchenko, no século XIX. As obras do TAM analisadas no texto, no que se refere à concepção de figurino são “A Gaivota (Tchekov, 1898)”, “O Pássaro Azul (Materlink, 1908)” e “As bodas de Fígaro (Baumarchais, 1927)”.

De acordo com Viana, o primeiro encontro de Stanislavski e Dântchenko durou 18 horas. Um dos vários aspectos abordados na reunião seria que Dântchenko ficaria responsável pela parte literária e Stanislavski pela parte artística. Para Stanislavski todos os integrantes do grupo serviam como base da peça. Porém os costureiros russos eram marcados esteticamente por moldes vigentes do fazer teatral da época. Sobre isso Vianna ressalta que:

As exigências não se restringiam aos atores. Se o padrão estético que buscavam era elevado, não haveria como manter uma equipe técnica que estava acostumada a trabalhar nos moldes antigos. Nesse período, a produção de figurinos em Moscou atendia a três estilos: o de Fausto, o dos Huguenotes, os de Molière e o do traje nacional russo: o dos boiardos. (Vianna, 2010, p. 74).

Ou seja, os costureiros limitados esteticamente não acompanhavam o pensamento inovador de Stanislavski sobre o figurino. Cada detalhe, cada tecido, costura deveria ser pesquisado e reconstituído minuciosamente. Vianna ressalva que houve a sugestão por parte de Constantin que os costureiros observassem os esboços de alguns pintores, porém essa proposta não obteve sucesso. Nesse contexto turbulento acerca dos figurinos, que Stanislavski resolveu viajar e fazer uma pesquisa histórica para reconstituir os trajes de Czar Fiódor Ivánovitch. Nesse dado momento, podemos perceber como era marcada a estética realista, fascinava a Stanislavski as montagens do Duque de Saxe-Meineger, pela perfeição de como os figurinos e objetos de cena eram reconstituídos perfeitamente. Após essa pesquisa, ficava designado aos costureiros e pintores que acompanhavam o encenador a remontarem os trajes e objetos de cena, com materiais semelhantes aos originais, porém de menor custo. “ ...nos adaptarmos às condições cênicas e fazer passar por ouro, pedras preciosas e outras riquezas simples, botões conchas, pedras polidas e preparadas por um método especial...” (Vianna, 2004, p. 76). Apesar de todo realismo utilizado em cena, uma das preocupações de Stanislavski era que o figurino tapasse um defeito apresentado em cena, o grupo jovem de atores amadores. Cabe ressaltar que nessa época Stanislavski ainda não tinha se dedicado a escrever “o método” que até hoje serve como base para muitos encenadores montarem seus espetáculos. Todos os esboços de figurinos para as montagens no TAM deveriam ter a assinatura de C. Stanislavski aprovando, sem isso não poderia ser dada a continuidade na execução do trabalho.

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